10.18601/01207555.n30.09

EVIDENCIA DE LA ESTRATEGIA DE DIVERSIFICACIÓN EN LA RUTA TURÍSTICA VALE DO PARAÍSO (BRASIL)1

EVIDENCE OF THE DIVERSIFICATION STRATEGY IN THE VALE DO PARAÍSO (BRASIL) TOURIST ROUTE

EVIDÊNCIAS DA ESTRATÉGIA DE DIVERSIFICAÇÃO NA ROTA TURÍSTICA VALE DO PARAÍSO (BRASIL)

Ana Claudia Machado Padilha
Postdoctorado de UFRGRS
Profesora de la Universidad de Passo Fundo
Brasil
[anapadilha@upf.br]

Marcelino de Souza
Doctor en Ingeniería Agricola de la
Universidad Estatal de Campinas
Profesor titular de la Universidad Federal
de Rio Grande do Sul
Brasil
[marcelino.souza@uol.com.br]

Joäo Paulo Jorge
Doctor en Negocios Internacionales y Marketing
de la Universidad de Extremadura
Profesor y coordinador en el Politécnico de Leiria
Brasil
[jpjorge@ipleiria.pt]

Luiz Fernando Fritz Filho
Doctor en Desarrollo Rural de UFRGS
Profesor colaborador del Programa de Postgrado
en Derecho de la Universidad de Passo Fundo
Brasil
[fritz@upf.br]

Morgana Secchi
Doctorando en Agronegocios en la UFRGS
Becario del Programa de Posgrado en Agronegocios
de la Universidad Federal de Rio Grande do Sul
Brasil
[morghanahs@gmail.com]

Marcelo Pellegrini
Máster en Administración de
la Universidad de Passo Fundo
Gerente de la Empresa Rural Pellegrini
Brasil
[marcelo-pellegrini@hotmail.com]

1 Para citar el artículo: Machado, A., De Souza, M., Jorge, J., Fritz, L., Secchi, M. y Pellegrini, M. (2022). Evidencia de la estrategia de diversificación en la ruta turística Vale do Paraíso (Brasil). Turismo y Sociedad, vol. XXX, pp. 169-189. DOI: https://doi.org/10.18601/01207555.n30.09

Fecha de recepción: 18 de mayo de 2020 Fecha de modificación: 25 de julio de 2020 Fecha de aceptación: 25 de agosto de 2020


Resumen

El turismo en las zonas rurales ha demostrado ser un catalizador importante para el desarrollo económico, ya que en todo el mundo las propiedades rurales diversifican sus actividades. El objetivo del artículo fue analizar la estrategia de diversificar los medios de subsistencia (Ellis, 2000; Padilha, 2009; Padilha et al., 2020) en las propiedades rurales de la ruta de turismo rural Vale del Paraíso (Brasil). Como procedimiento metodológico, se llevó a cabo una investigación cualitativa de casos múltiples en seis empresas, con la aplicación de un cuestionario, registrando y analizando las respuestas utilizando la técnica de análisis de contenido. Como resultado, es evidente que entre las razones para explorar el turismo rural, se centraron en la diversidad de los recursos naturales, la receptividad y la generación de ingresos, con aspectos que facilitan y obstaculizan, así como elementos que modifican el acceso al capital y el desempeño del turismo. En las zonas rurales, el desarrollo de habilidades de comunicación, el intercambio de conocimientos con los turistas, la autoestima, el valor agregado del producto y el aumento de los ingresos familiares son evidentes.

Palabras clave: diversificación de los medios de vida; turismo rural; desarrollo rural; ruta turística Vale do Paraíso.


Abstract

Tourism in rural areas has proven to be an important catalyst for economic development, as rural properties diversify their activities worldwide. The objective of the article was to analyze subsistence diversifying strategies (Ellis, 2000; Padilha, 2009; Padilha et al., 2020) in rural properties of the rural tourism route Vale Paraíso (Brazil). The methodology involved was a qualitative multi-case research carried out in six companies, through the application of a questionnaire. The responses were recorded and subsequently analyzed using the content analysis technique. As a result, it became evident that among the reasons for exploring rural tourism was the focus on diversity of natural resources, receptivity and income generation There were facilitating and hindering aspects as well as elements that modify access to capital and tourism performance in rural areas. The development of communication skills, an interchange of knowledge with tourists, heightened self-esteem, added value of the product and increased family income were all evident.

Keywords: diversification of livelihoods; rural tourism; rural development; Vale do Paraíso tourism route.


Resumo

O turismo nas áreas rurais provou ser um importante catalisador para o desenvolvimento econômico, uma vez que em todo o mundo, as propriedades rurais diversificam suas atividades. O objetivo do artigo foi analisar a estratégia de diversificação dos meios de subsistência (Ellis, 2000; Padilha, 2009; Padilha et al., 2020) nas propriedades rurais da Rota do Turismo Rural Vale Paraíso (Brasil). Como procedimentos metodológicos, realizou-se uma pesquisa qualitativa do tipo multicasos em seis empreendimentos, com aplicação de questionário, sendo as respostas gravadas, degravadas e analisadas com a técnica análise de conteúdo. Como resultados, evidencia-se que dentre as razões para explorar o turismo rural se concentraram na diversidade de recursos naturais, receptividade e geração de renda, com aspectos facilitadores e dificultadores, bem como elementos que modificam o acesso aos capitais e, como performance do turismo rural, evidencia-se o desenvolvimento de habilidades de comunicação, troca de conhecimentos com turistas, autoestima, agregação de valor do produto e aumento da renda familiar.

Palavras-chaves: diversificação de meios de subsistência; turismo rural; desenvolvimento rural; rota de turismo Vale do Paraíso.


Introdução

O atual processo de produção agrícola no Brasil que é impulsionado pela dinâmica com que evolui e modifica as bases técnicas da produção, evidencia novas possibilidades de desenvolvimento que se firmam em torno de noções de controle social das necessidades, autogestão, desenvolvimento endógeno sustentável, descentralização do Estado e desenvolvimento local em harmonia com os ecossistemas. No Brasil, a população brasileira, em julho de 2019 foi estimada em 210,1 milhões de habitantes, distribuídos em 5.570 municípios (Brasil, 2019a), com mais da metade dos municípios predominantemente rurais, cerca de 60,4% (IBGE, 2017), denotando uma característica rural em determinadas regiões.

Nas áreas rurais, ainda dominadas pela agricultura, como é o caso nos países em desenvolvimento, é pertinente a promoção da diversificação rural como uma estratégia importante para diminuir a vulnerabilidade dos meios de subsistência a fim de atender às mudanças externas (Walker & Salt, 2006).

Esta situação pode ser enfrentada com a opção pela diversificação rural dos meios de subsistência, definida como um processo pelo qual as famílias rurais constroem um portfólio cada vez mais diversificado de atividades e ativos, a fim de sobreviver e melhorar seu padrão de vida (Ellis, 2000). Sublinha-se que, ao se observar algumas contribuições teóricas que tratam do processo da estratégia de diversificação, as discussões geralmente se voltam para organizações de grande porte, pouco discutindo este tipo de estratégia no contexto das propriedades rurais do agronegócio que, em grande medida, vinculam-se às questões inerentes à competitividade e, consequentemente, ao aumento de poder sobre os concorrentes diretos e indiretos das empresas.

Nesse contexto, as áreas rurais representam potencial para o desenvolvimento do turismo (Hrabovski-Tomić, 2008). Como uma das maiores indústrias do mundo, o turismo contribui para a geração de emprego, melhoria da renda, lazer, distribuição justa de riqueza, intercâmbio cultural e estabelecimento de vínculos de amizade (Egbali, Nosrat & Pour, 2010), revelando-se como um importante fenômeno social, cultural e econômico que inclui o movimento de milhões de pessoas em todo o mundo, com um grande impacto na economia de muitos países (Cenamor et al., 2017).

Nos países desenvolvidos, a diversificação rural não se refere apenas complementar as atividades dos agricultores com novas atividades não agrícolas, como o agroturismo, mas, também, cria uma nova base para a economia rural local, na qual a agricultura local apenas faz parte do mix (Li, Westlund & Liu, 2019; Prayukvong & Foster, 2014). Portanto, a inclusão das atividades agrícolas multifuncionais, como produtos agrícolas diversificados, processamento de produtos agrícolas e, especialmente, o turismo rural (Li, Westlund & Liu, 2019) revela-se importante.

O debate acerca da diversificação emerge como uma das possibilidades do turismo rural (Bell et al., 2006). Argumenta-se que essa modalidade de turismo se transformou em uma atividade econômica de destaque e estudos mostram uma relação positiva entre o desenvolvimento do turismo rural e um aumento de renda, uma maneira adequada de aumentar a vantagem econômica e o emprego (Egbali, Nosrat & Pour, 2010), uma forma ecológica e socialmente sustentável de turismo no campo ao contribuir para a geração de benefícios sociais para as comunidades locais (Lane, 2009). Esse desenvolvimento rural comunitário respalda-se no conteúdo "material", por indicar o espaço físico, características geográficas, população e recursos de capitais; e, o conteúdo "imaterial", inclui coisas intangíveis, como os relacionamentos pessoais, valores, atitudes, cultura e instituições (Li, Westlund & Liu, 2019). Em termos sociais, oferece oportunidades como a melhoria da qualidade de vida, fonte de renda extra e novos empregos (Bell et al., 2006; George, Mair & Reid, 2009).

Nessa linha de raciocínio, emergem alguns questionamentos relevantes: Que fatores levam o produtor rural a diversificar seu meio de sustento? Como o produtor rural identifica os capitais que podem ser utilizados na implementação da estratégia de diversificação de sustento da família rural? De que forma tais capitais passam a ser combinados de forma única e racional? Quais seriam os possíveis novos produtos ou serviços que poderiam ser gerados a partir do acesso e uso dos capitais disponíveis na propriedade rural que podem ser explorados no turismo rural?

Ao suscitar tais questionamentos vinculados à estratégia de diversificação rural a partir da exploração do turismo rural, insere-se a Rota de Turismo Vale do Paraíso (RTVP), localizada no município de Três Cachoeiras, Litoral Norte do Rio Grande do Sul, uma iniciativa tipicamente endógena, operacionalizada por um grupo de seis famílias que encontraram na oferta do turismo, uma oportunidade de compartilhar com o público visitante e as belezas naturais, a cultura, a história dos antepassados, a ampliação da venda de produtos, o contato com os turistas, o desenvolvimento local, entre outros. Os empreendimentos rurais integrantes da RTVP possuem como atividade principal a agricultura, o que vai ao encontro do conceito de turismo rural, possibilitando ao turista conhecer a cultura local e o modo de vida das famílias rurais, oferecendo como atrativo turístico a visitação a um engenho de cachaça, moinhos d'água, artesanato regional, passeios a cavalo, culinária local e trilhas na mata nativa da região.

Nesse sentido, a pesquisa tem o interesse particular de analisar a estratégia de diversificação de sustento rural nas propriedades rurais da Rota de Turismo Rural Vale Paraíso (Brasil). A seleção da RTVP, enquanto objeto de análise, respaldou-se em alguns critérios, quais sejam: o tempo de atuação no turismo rural, que foi iniciado no ano de 1997; a diversidade de atrativos turísticos existentes nos empreendimentos que se alinham aos pressupostos teóricos da pesquisa; a escassez de pesquisas empíricas relacionadas à rota que contribui para a ampliação do conhecimento nesse tipo de configuração no estado do Rio Grande do Sul; o potencial de expansão da demanda turística motivada pela localização geográfica; e, o fato dos empreendimentos rurais apresentarem potencial para desenvolvimento de novos produtos/serviços turísticos.

Como justificativa da pesquisa está a sua delimitação teórica e empírica. A teórica, assenta-se no potencial de exercício de uma discussão teórica, abordando uma temática emergente e convergente com o avanço dos estudos no campo do turismo rural, indicando padrões passíveis de replicação em rotas de turismo com propósitos e objetivos distintos dos identificados na literatura contemporánea. Como justificativa empírica, os achados elucidam percepções sobre os motivos para diversificar, o acesso e uso dos capitais, os elementos que modificam e interferem no acesso aos capitais e, por fim, a performance da estratégia de diversificação de sustento rural a partir da exploração do turismo rural, os quais podem estar vinculados ao sucesso ou fracasso do turismo. Por sua vez, tal conjugação pode contribuir não só para o incremento da renda do produtor rural, mas, também, para o desenvolvimento socioeconômico local e regional quando investigadas outras rotas turísticas.

1. Revisão da literatura

1.1. O turismo rural

O atual ritmo de trabalho das pessoas em grandes centros urbanos, associado com a poluição ambiental e sonora, o stress, o aumento da expectativa de vida da sociedade moderna, tem levado os indivíduos a buscarem novas alternativas que contribuam para a manutenção ou ampliação da qualidade de vida. Neste contexto, a atividade turística baseada em recursos naturais pode desempenhar um papel importante neste novo contexto de demanda (Ohe & Ciani, 2011)

O turismo tem se convertido como um dos setores que mais crescem no mundo, contribuindo significativamente para o desenvolvimento socioeconômico dos países (Grigaliunaite, Pileliene & Bakanauskas, 2015). Em termos de desempenho, o turismo internacional aumentou em 4% no primeiro semestre de 2019 em comparação com o mesmo período 2018, representando 671 milhões de chegadas de turistas internacionais, aproximadamente 30 milhões a mais do que no mesmo período de 2018 (WTO, 2019). No Brasil, nos primeiros sete meses de 2019, o faturamento foi de R$ 136,7 bilhões, o maior registrado nos últimos quatro anos, com saldo positivo de 25 mil empregos gerados nos últimos 12 meses (Brasil, 2019b).

Em face da dinâmica da oferta de produtos e serviços turísticos que são possíveis no setor do turismo, insere-se o turismo rural. No Brasil, seu surgimento deu-se no estado de Santa Catarina na década de 1980, no município de Lages, como uma alternativa de aproveitamento da estrutura das fazendas e estâncias (criação de gado de corte, leite e equinos) que se aliou ao clima frio, hospitalidade, gastronomia diversificada, paisagem, diversidade cultural e segurança (Padilha, 2009). No Brasil, o Ministério do Turismo (2010, p. 20) define-o como "o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade". Adicionalmente, inclui aspectos baseados na natureza e no patrimônio que, embora cada área rural de turismo tenha um ou dois desses componentes, ou uma mistura dos dois, o grau da combinação depende dos contextos geográficos e históricos dos espaços rurais (Ohe & Ciani, 2011).

Portanto, assume-se que o turismo rural configura-se como uma atividade econômica que internaliza a multifuncionalidade, gerando efeitos externos positivos na sociedade pela agricultura e recursos rurais, criando oportunidades de renda pelo estabelecimento de negócios rurais viáveis (Ohe & Kurihara, 2013). Também possibilita a solução de problemas em áreas rurais em países desenvolvidos e em desenvolvimento que, de um lado, protege o meio ambiente e o patrimônio rural e, de outro, combate os efeitos negativos do abandono da agropecuária e do consequente êxodo rural (Garcia, Canoves & Valdovinos, 1995).

Estrategicamente, os motivos para o desenvolvimento do turismo rural baseiam-se em benefícios potenciais identificados em áreas rurais (Roberts & Hall, 2001; Hall et al., 2004), tais como: o crescimento económico, diversificação e estabilização através da criação de emprego nas empresas de turismo; provisão de renda suplementar no setor agrícola e de serviços; percepção do valor económico da produção de alimentos com qualidade e de infraestrutura não utilizada e/ou abandonada; o incremento dos contatos sociais, especialmente na quebra do isolamento das áreas e grupos sociais mais remotos; e, a oportunidade de reavaliar o patrimônio e seus símbolos, o meio ambiente e a identidade.

Somado a estes aspectos, a integração e a sinergia de organizações públicas e privadas e dos diferentes setores da economia, podem propiciar o desenvolvimento sustentável da atividade, decorrendo na valorização, na proteção do patrimônio natural e cultural e, especialmente, no respeito às diversidades regionais (Reardon, Berdegué & Escobar, 2001).

1.2. A estratégia de diversificação: a abordagem do sustento rural

Nas áreas rurais, onde o acesso físico aos mercados é um dos fatores que compõem os custos de produção e a sobrevivência das famílias residentes, falhas econômicas no mercado levam-nas a buscarem outras alternativas de subsistência (Reardon et al., 1998). A subsistência é entendida como um sistema (Niehof, 2004) definido com base na identificação dos inputs (recursos e bens); outputs (subsistência); objetivo (adequação da subsistência para a satisfação das necessidades básicas) (Chambers & Conway, 1992); atividades (geração da subsistência e composição do portfólio); agência (os esforços das famílias e indivíduos para conseguir adequação do sustento); qualidade (grau de vulnerabilidade ou sustentabilidade do sustento produzido); ambiente (contexto dentro do qual o sistema de sustento funciona com interfaces com outros sistemas e instituições); e locus (a casa como local de geração de subsistência).

Evidencia-se que a habilidade das famílias para evitar ou reduzir a vulnerabilidade e aumentarem a produtividade econômica depende, não somente, de seus ativos iniciais, mas, também, da capacidade de transformar os ativos em renda, alimento, ou em outras necessidades básicas de forma eficaz, uma vez que os ativos podem ser transformados pela intensificação das estratégias existentes e/ou pelo desenvolvimento de novas estratégias de diversificação (Niehof, 2004).

Dessa forma, a diversificação de sustento rural é um dos meios pelos quais os indivíduos reduzem o risco, ou seja, uma forma de auto segurança que reduz a vulnerabilidade do rendimento pela seleção de um portfólio de recursos e atividades que tenham baixa ou negativa correlação de rendimento (Alderman & Paxson, 1992; Reardon, Delgado & Matlon, 1992; Reardon et al, 1998).

A diversificação dos meios de sustento é entendida como um processo em que famílias rurais constroem um conjunto diversificado de atividades e capacidades sociais de suporte, tendo como objetivo a sobrevivência e melhoria do padrão de vida (Ellis, 1998; 2000). Quando eliminados os obstáculos de acesso e geração de oportunidades para a expansão da diversificação dos meios de subsistência, o indivíduo e as famílias desenvolvem maior capacidade de alcançar um sustento seguro e, assim, melhoram seu padrão de vida (Ellis, 1998; 2000).

Com relação aos motivos que levam as famílias rurais ou indivíduos a diversificarem seus bens, atividades e rendimentos, eles são classificados em primários e secundários (Barrett, Reardon & Webb, 2001). Os primários, também chamados de push factors (fatores impulsionadores), estariam relacionados à redução de risco (como as restrições da área de terra pressionada pelo aumento da população), reação a crises e demais custos elevados envolvendo transações. Os secundários, pull factors (fatores causadores), significam as estratégias complementares entre atividades, tais como a integração de culturas com animais domésticos ou a industrialização da produção, especialização da atividade motivada pela incorporação de novas tecnologias, desenvolvimento de habilidades e talentos, entre outros.

Notadamente, famílias rurais apresentam motivações para a diversificação rural, particularmente no âmbito do turismo rural (Annes & Bessiere, 2018), as quais podem ser de natureza econômica ou social (McGehee, Kim & Jennings, 2007). A motivação econômica é uma maneira de diversificar as atividades agrícolas ampliando a renda agrícola cada vez menor (Busby & Rendle, 2000; Weaver & Fennell, 1997), apesar de alguns autores mencionarem que os benefícios econômicos são frequentemente limitados (Busby & Rendle, 2000). Além da lógica econômica, outros pesquisadores se concentram mais nas motivações sociais (e culturais).

Nessa análise, o acesso e uso dos capitais ou ativos são importantes para viabilizar as escolhas, sendo identificados pela "plataforma de sustento" (Ellis, 2000) que, nesse caso, são estratégicos para a oferta do turismo rural (quadro 1).

Assume-se que no processo de diversificação, a demanda pelos capitais é condição sine qua non para o sucesso do negócio, uma vez que a facilidade de acesso e as atividades produtivas é o que determina a subsistência ou o padrão de vida das famílias rurais (Ellis, 2000).

A estratégia de diversificação dos meios de sustento pode sofrer interferência ou modificação do acesso que o indivíduo ou unidade familiar possui à plataforma de sustento por fatores endógenos e exógenos (Ellis, 2000). Os endógenos têm o papel de modicar o acesso aos capitais, especificados pelas normas sociais e estruturas das quais as unidades familiares e os indivíduos fazem parte (relações sociais, instituições e organizações); os que interferem no acesso à plataforma de sustento, classificados como exógenos, são explicados pelas tendências (população, migração, tecnologia agrícola e a sua evolução, crescimento de atividades não ligadas ao campo em áreas rurais, preços, cenários econômicos nacionais e internacionais, políticas e tendências macroeconômicas) e choques (eventos como enchentes, secas, pestes, epidemias e guerras civis) podem destruir os ativos diretamente ou causar indiretamente sua erosão. Em qualquer dos casos, provocarão uma necessidade imediata de mudança na estratégia de sustento para o indivíduo ou para o meio social no qual está inserido, dependendo do escopo do efeito do choque.

Com relação ao turismo, os efeitos ou performance dessa atividade nos meios de subsistência (Mbaiwa, 2011; Qian et al., 2017; Shoo & Songorwa, 2013), podem apresentar influência positiva na renda e emprego (Hernández Cruz et al., 2005; Hunt et al., 2015; Wishitemi et al., 2015), educação, habilidades e criação de pequenas empresas (Wishitemi et al., 2015). Na perspectiva econômica, sublinha-se o crescimento da atividade empresarial empreendedora de pequenos e médios produtores rurais, crescimento do investimento de capital (privado e público), revalorização de recursos não econômicos (transformação em recursos atrativos turísticos), empoderamento, desenvolvimento regional, cooperação interregional e crescimento do padrão de vida da população local (Ruzic & Demonja, 2017).

A performance da estratégia de diversificação de sustento rural a partir da exploração do turismo rural (figura 1), também pode ser evidenciada pelos outputs comerciais (produtos e serviços) e os outputs de conhecimento (criatividade e inovação), os quais se aliam à permanência das famílias no meio rural, ampliação da segurança de seu sustento, resgate de tradições familiares e locais, desenvolvimento local, contato com pessoas, com a comunidade e com os turistas, preservação ambiental, revalorização do rural, geração de postos de trabalho e, especialmente, o fortalecimento do setor e reconhecimento nacional (Padilha et al, 2017).

Argumenta-se que as modificações das estratégias de sustento poderão afetar a unidade familiar ou o indivíduo em termos de segurança do sustento, estabilidade de renda, redução do impacto da sazonalidade das atividades produtivas sobre a renda familiar, por exemplo. Não somente isso, as escolhas feitas em relação à estratégia de sustento podem ter resultados positivos ou negativos sobre o sustento da unidade familiar ou do indivíduo, dependendo do acerto ou não da estratégia escolhida (Padilha, 2009).

2. Método da pesquisa

A metodologia de caso de estudo é um bom processo de definir casos e explorar um cenário para entendê-los (Cousin, 2005). Este método, de acordo com Creswell (2013, p. 97), explora um sistema delimitado da vida real (caso) ou vários sistemas delimitados (casos), ao longo de um determinado período de tempo, através de coleta de dados detalhada, envolvendo várias fontes de informação, reportando uma descrição do caso ou casos. Sendo descritivo e exploratório não procura a explicação definitiva ou relações causais, mas sim a informação necessária para a ação ou prognóstico. Em particular, o método multicasos, comparando com os casos de estudo únicos, permite expor evidências relevantes de maior confiabilidade, possibilitando a compreensão das diferenças e das similaridades entre os casos (Baxter & Jack, 2008). Além disso, torna o pesquisador capaz de analisar os dados dentro de cada situação e entre situações (Yin, 2009).

Nessa linha de raciocínio, e para o alcance dos objetivos, foi realizada uma pesquisa de estudo multicasos com características exploratório-descritivas, de natureza qualitativa (Yin, 2009), nos seis empreendimentos integrantes da RTVP.

O contato com os responsáveis pelos empreendimentos deu-se mediante agendamento de data e horário para a aplicação do questionário que ocorreu no mês de novembro de 2018. As respostas obtidas dos respondentes foram gravadas, mediante a assinatura de "termo de consentimento". Elegeu-se o proprietário dos empreendimentos ou casal para responderem às perguntas contidas no questionário de pesquisa.

Com o intuito de tomar conhecimento sobre a temática da pesquisa, procedeu-se a uma busca das publicações nacionais e internacionais nas bases Web of Science e Scopus, delimitando-se como palavras-chave "rural tourism AND livelihood diversification AND strategy" na área de Business, Management & Accouting. Além disso, foram consultadas as fontes de publicações seminais sobre a estratégia de diversificação de sustento rural. Após a avaliação das publicações, delimitaram-se temas e aspectos a serem observados que guiaram a elaboração do questionário que foi integrado por 30 questões abertas (quadro 2).

De posse dos dados empíricos, as respostas foram degravadas e transcritas em planilha do software Excell, e analisadas com a técnica de análise de conteúdo que percorreu etapas como a pré-análise, a exploração do material, o tratamento dos resultados e as interpretações (Bardin, 1977).

3. Análise e discussão dos resultados

Essa seção tem como objetivo apresentar os dados empíricos, considerando a caracterização da RTVP, seus empreendimentos integrantes e, especialmente, os aspectos relacionados à estratégia de diversificação de sustento rural a partir da exploração do turismo rural (figura 1).

3.1. Caracterização da RTVP e dos empreendimentos

Nas regiões rurais, as iniciativas de oferta turística são consideradas ferramentas de desenvolvimento econômico quando outros negócios se encontram em transição ou declínio (Maher, Vaugeois, & McDonald, 2010). A criação de rotas pode configurar-se como uma das alternativas que contribuem para o crescimento do turismo (Sánchez & García, 2003), uma vez que empreendimentos organizados nesse tipo de arranjo, tendem a alavancar a afirmação da identidade e da diversificação da atividade turística local (Lacoste & Navarrete, 2014).

A RTVP é integrada pelo Alambique Terceiro Gole, Casa do Filó, Moinho de Pedra, Sítio Dona Cenira, Sítio Dona Lúcia e Pousada Casa da Tia Laura que, a partir do ano de 2002, por meio de reuniões na comunidade local, incentivados por professores da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA, Campus Torres) e dois técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do RS (Emater-RS), decidiram fundar uma rota de turismo rural com distintas motivações (figura 2).

Além dos motivos considerados pelos pesquisados no momento da constituição da RTVP, é importante detalhar as especificidades de cada empreendimento turístico investigado (quadro 3).

Nos empreendimentos (quadro 3) foi possível identificar a vocação regional para o cultivo de banana que, de acordo com todos os entrevistados, o sistema é o orgânico, e a produção, absorvida por cooperativas e atravessadores locais. A área dos estabelecimentos rurais é relativamente pequena, herdada dos antepassados, as quais incluem uma diversidade de atrativos que se alinham às motivações coletivas quando da fundação da RTVP. Ressalta-se que, a oferta do turismo rural, antes da constituição da rota, foi identificada no Alambique do Terceiro Gole, iniciada no ano de 1997, considerado o pioneiro entre todos os demais integrantes.

Entendendo que poucas pessoas obtém todas suas rendas de uma única fonte, tendo sua riqueza na forma de bens únicos, ou usando seus bens em apenas uma atividade (Barrett, Reardon & Webb, 2001), os empreendimentos apresentam formação e composição da renda diversificada, especialmente quando observada as aposentadorias recebidas pelos produtores rurais que, em sua maioria, são pessoas idosas que insistem em permanecer no meio rural. A renda do turismo rural apresenta baixa participação, com exceção do Sítio Dona Cenira, atividade que é administrada pela proprietária. Aspectos relacionados à limitação da idade, falta de investimentos, apoio do poder público, divulgação, entre outros, podem ser responsáveis pela baixa demanda e rentabilidade do turismo.

Os motivos, as facilidades e as dificuldades encontradas para a diversificação através do turismo rural foram investigados e estão apresentados no quadro 4.

Ao se analisar os motivos que levaram as famílias rurais a diversificarem e as facilidades encontradas (quadro 4), nota-se uma gama de elementos, os quais incluem a necessidade de interagir com pessoas, ampliação da renda, disponibilidade de recursos naturais, infraestrutura, herança cultural, entre outros fatores.

Além das dificuldades (quadro 4), é pertinente resgatar algumas percepções dos pesquisados: "No início, era a mãe e o pai que recebiam os turistas e, como eles foram ficando velhos, eu acabei assumindo. O problema que eu tive foi o de ter que desenvolver a habilidade de comunicação, de conversar com as pessoas que vinham nos visitar. Tive que aprender sozinho e falar para as pessoas que vinham em grandes grupos. O valor recebido no turismo é muito baixo, e aí a gente fica desanimado" [Moinho de Pedra]. "A falta de estradas de acesso adequadas para circulação de ônibus e de carros de passeio que impedia o acesso dos grupos e turistas" [Alambique Terceiro Gole].

Quanto aos motivos que levaram as famílias rurais da RTVP a diversificarem suas atividades a partir da exploração do turismo rural, a pesquisa tratou de identificar os capitais utilizados nesse processo (quadro 5), assumindo que a estratégia de diversificação de sustento é possível, entre outros fatores, quando se tem acesso aos capitais natural, humano, social, físico e financeiro (Ellis, 2000).

Considerando a disposição das famílias ofertarem o turismo rural por meio da constituição de uma rota, a ocorrência de recursos naturais diversos talvez tenha sido um dos principais elementos de decisão, identificados como importantes atrativos turísticos. Também foi mencionado o capital físico, acessado e ampliado ao longo do tempo; o capital humano chama a atenção pela exploração da mão de obra familiar, com reduzida contratação de pessoal externo; o capital financeiro, para investimento inicial no turismo, originou-se da renda das atividades agropecuárias ou de pensões, excluindo-se a tomada de crédito de terceiros ou financiamentos bancários; e, o capital social, talvez seja o mais significativo, especialmente pelos vínculos que as famílias possuem com a comunidade que são respaldados pela confiança, amizade e respeito.

Não somente isso, a pesquisa levantou os fatores que modificam ou interferem no acesso do indivíduo ou unidade familiar à plataforma de sustento (Ellis, 2000) (quadro 6).

Quanto aos fatores que modificam o acesso aos capitais, identificaram-se as instituições e as organizações. Quanto aos aspectos que interferem, é senso comum a migração dos jovens para as cidades e o envelhecimento da população rural que, sobremaneira, dificulta a implementação de planos e projetos de ampliação no turismo rural em detrimento da disponibilidade de mão de obra familiar; e, quanto aos choques, foram mencionados os relacionados aos períodos de estiagem ou doenças que afetam a atividade de produção agrícola.

Nessa análise, assume-se que, quanto maior for o acesso aos capitais, maior será a capacidade de sustento do indivíduo ou da unidade familiar analisada, enfatizando ainda mais a importância da capacidade de gerenciamento dos relacionamentos que facilitam esse acesso e a sua transformação em estratégias de sustento em "resultados" propriamente ditos (Ellis, 2000).

Com relação à performance da estratégia de diversificação de sustento rural a partir da exploração do turismo rural, ela pode ser explicada pela diversidade de outputs, os quais avançam na direção dos aspectos não econômicos (Ruzic & Demonja, 2017), comerciais e de conhecimento, por exemplo (Padilha et al, 2017).

De acordo com os dados, todos os pesquisados mencionaram a amizade e a interação com as pessoas como elemento central do resultado da oferta do turismo rural.

Também foram apontados os investimentos na infraestrutura, ampliação do círculo de amizades, desenvolvimento de habilidades de comunicação, intercâmbio de conhecimento com visitantes, crescimento pessoal, autoestima, liderança, empreendedorismo, comercialização e agregação de valor aos produtos, o aprendizado e o reconhecimento da comunidade.

Em termos econômicos, apenas a entrevistada do Sítio Dona Cenira, informou que o turismo é um componente importante e decisivo na formação da renda e sustento familiar. É possível que o baixo retorno auferido do turismo nos demais empreendimentos esteja relacionado à falta de mão de obra, baixa demanda turística, fragilidade dos relacionamentos cooperativos, ausência de liderança e confiança entre os membros da RTVP.

Com o intuito de oferecer um melhor entendimento dos dados encontrados nesta pesquisa, a figura 3 apresenta a sistematização dos principais elementos identificados na etapa empírica.

Apesar da baixa participação do turismo rural na composição da renda da maioria das famílias, a atividade de turismo rural parece apresentar uma performance que supera a econômica, prevalecendo a de caráter intangível, explicada pelo convívio social com outras pessoas da comunidade e, especialmente, com os turistas.

É nessa via de mão dupla que o turismo rural se insere como expoente, com a prerrogativa potencial de proporcionar o desenvolvimento não somente econômico, mas, também, o social, o ambiental, o cultural e o político, contribuindo para a ampliação da qualidade de vida e do bem viver do produtor rural e sua família. Por sua vez, os turistas têm a oportunidade de usufruírem de um portfólio de produtos e serviços diversificados e diferenciados, apoiados na promoção, resgate de identidade e na revalorização do rural, experimentando e usufruindo de experiências e convivências que esta modalidade de turismo possibilita de forma exclusiva.

Conclusão

O crescimento e o desenvolvimento do setor de turismo têm sido observados ao longo do tempo por pesquisadores acadêmicos, os quais dedicam esforços acadêmicos para compreender o comportamento de ascensão e queda do fenômeno em muitos países e regiões do mundo.

Com relação ao turismo rural, esta modalidade tem se revelado como elemento de regeneração das áreas rurais, com muitos governos reconhecendo seu potencial de promoção do desenvolvimento econômico, social e cultural. No Brasil, a diversidade de recursos naturais, culturais, históricos, gastronômicos, patrimoniais, entre tantos outros, tem suscitando iniciativas empreendedoras de oferta do turismo rural, geralmente aliado ao perfil e preferências da demanda, cada vez mais ávida por destinos que promovam a apreciação da natureza, tranquilidade, aventura e gastronomia.

Ressalta-se que na RTVP as famílias rurais alcançam a maior parte de suas receitas com as atividades ligadas ao campo. De fato, a performance parece estar mais vinculada ao desenvolvimento de habilidades de comunicação que é impulsionada pela interação com os turistas, crescimento pessoal, aprendizado, autoestima, liderança e empreendedorismo. Isso denota um avanço nos resultados da estratégia de diversificação a partir da exploração do turismo rural, indo além do simples desempenho econômico que avança para outras questões e desdobramentos não incluídos na literatura consultada.

As famílias rurais da RTVP encontraram motivações distintas na oferta do turismo rural enquanto estratégia de diversificação de sustento rural. Nesse ponto, destaca-se a diversidade de atrativos, atuação social na comunidade, habilidade de comunicação, cultura e história familiar, ampliação da renda, comercialização de produtos e, especialmente, a necessidade de interação social com outras pessoas, um dos aspectos mais positivos que o turismo promove às famílias residentes em áreas rurais remotas.

Além das motivações para a diversificação rural, o uso e exploração dos capitais são elementos críticos para o sucesso da estratégia pretendida - o turismo rural. Portanto, parece não haver uma limitação significativa de exploração do capital natural, físico, financeiro, humano e social nesse tipo de atividade, revelando-se, em grande medida, como atrativos turísticos na RTVP.

É pertinente mencionar nesse contexto o capital humano, o qual poderá ser limitado no futuro, justificada pela idade avançada dos membros das propriedades pesquisadas, somada à inexistência de estratégias que promovam a sucessão dos empreendimentos rurais pelos herdeiros.

Nessa perspectiva, a migração crescente dos jovens para os centros urbanos, geralmente motivados pela melhoria da qualidade de vida, qualificação e emprego, possa contribuir para a perenidade dos empreendimentos rurais e permanência das famílias no meio rural. No contexto da rota investigada, movimento contrário foi mencionado pelos pesquisados, ou seja, as pessoas que se aposentam, geralmente em idade avançada, tendem a migrar das cidades para as áreas rurais, o que corrobora com as conclusões relacionadas a uma crescente concentração de pessoas em idade avançada na região em que se insere a RTVP.

Em termos gerais, pode-se concluir que os empreendimentos de turismo rural da RTVP são pressionados por diferentes fatores que modificam ou interferem no acesso à plataforma de capitais. Talvez, esses elementos identificados sejam o principal gargalo de desenvolvimento do turismo rural no médio prazo, podendo forçar o desinvestimento e continuidade do turismo e, especialmente, a continuidade da rota.

Adicionalmente, consideram-se, também, as fragilidades dos relacionamentos cooperativos e intercooperativos entre os integrantes da rota, a ausência de dados relativos à participação direta ou indireta dos demais stakeholders no apoio e fomento do turismo rural e, especialmente, a percepção do nível de satisfação dos turistas. Essas questões merecem atenção especial, servindo de insights para a realização de pesquisas futuras.

Portanto, é pela via da diversificação que o processo de evolução rural se atrela à capacidade das comunidades rurais responderem às mudanças externas, ajustando ao longo do tempo, a função e a estrutura de seus componentes internos. Nesse processo, comunidades rurais de diferentes regiões geográficas, dotadas de recursos naturais e relacionamentos sociais, valores, atitudes e instituições, poderão dar conta de respostas que, possivemente, levarão a diferentes padrões e resultados de evolução socioeconômica. É possível que o turismo rural possa configurar-se como um elemento catalizador e ajudar a superar as necessidades e as fragilidades do rural contemporâneo.

Por fim, espera-se que os achados da pesquisa possam inspirar e motivar outros pesquisadores a ampliarem a estrutura de análise utilizada, empreendendo novas replicações em outros contextos do turismo rural não só no Brasil, mas em outros países que apresentam potencialidades para o desenvolvimento e consolidação dessa iniciativa.


Referências

Alderman, H. & Paxson, C. (1992). Do the poor insure? A synthesis of the literature on risk and consumption in developing countries. World Bank Policy Research Working Paper WPS 1008.

Annes, A. & Bessiere, J. (2018). Staging agriculture during on-farm markets: How does French farmers' rationality influence their representation of rurality? Journal of Rural Studies, 63, 34-45.

Bardin, L. (1977). Análise de conteúdo. Edições 70, Lisboa.

Barrett, C. B., Reardon, T. & Webb, P. (2001). Nonfarm income diversification and household livelihood strategies in rural Africa: concepts, dynamics, and policy implications. Food Policy, 26, 315-331.

Baxter, P., & Jack, S. (2008). Qualitative Case Study Methodology: Study Design and Implementation for Novice Researchers. The Qualitative Report, 13(4), 544-556.

Bell, M., Davis, D., Gouveia, N., Borja-Aburto, V. & Cifuentes, L. (2006). The avoidable health effects of air pollution in three Latin American cities: Santiago, São Paulo, and Mexico City. Environmental Research, 100(3), 431-440.

Brasil. Ministério da Economia/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2019a). Resolução n.° 3, de 26 de agosto de 2019. Divulga as estimativas da População para Estados e Municípios com data de referência em 1.° de julho de 2019. Diário Oficial da União, Brasília, 166, Seção 1, p. 134.

Brasil. Ministério do Turismo. (2019b). Pesquisa da CNC aponta faturamento recorde e geração de empregos no turismo brasileiro. Retirado de http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/13000-pesquisa-da-cnc-aponta-faturamento-recorde-e-gera%C3%A7%C3%A3o-de-empregos-no-turismo-brasileiro.html

Busby, G. & Rendle, S. (2000). The transition from tourism on farms to farm tourism. Tourism Management, 21(6), 635-642.

Cenamor, I., de la Rosa, T., Núñez, S. & Borrajo, D. (2017). Planning for tourism routes using social networks. Expert Systems with Applications, 69, 1-9.

Chambers, R. & Conway, G. (1992). Sustainable rural livelihoods: practical concepts for the 21st Century. Discussion Paper 296. IDS, Sussex.

Cousin, G. (2005). Case Study research. Journal of Geography in Higher Education, 29(3), 421-427.

Creswell, J. W. (2013). Qualitative inquiry and research design: Choosing among five approaches. Thousand Oaks: Sage Publications.

Egbali, N., Nosrat, A. B. & Pour, S. K. (2010). Investigation Challenges and Guidelines Development of Rural Tourism. A Case Study of Rural Semnan Province. Journal of Tourism and Heritage, 3(2), 63-76.

Ellis, F. (2000). Rural livelihoods and diversity in developing countries. Oxford, Oxford University Press.

Ellis, F. (1998). Household strategies and rural livelihood diversification. The Journal of Development Studies, 35(1), 1-38.

Garcia, R., Canoves, G. & Valdovinos, N. (1995). Farm tourism, gender and the environment in Spain. Annals of Tourism Research, 22, 267-282.

George, E. W., Mair, H. & Reid, D. G. (2009). Desenvolvimento do turismo rural: localismo e mudança cultural. Bristol: Publicações de exibição de canal.

Grigaliunaite, V., Pileliene, L., & Bakanauskas, A. P. (2015). Assessment of the Importance of Benefits Provided by Rural Tourism Homesteads in Lithuania. Proceedings in the International Conference. Economic Science for Rural Development, 39, 116-123.

Hall, D., Roberts, L. & Mitchell, M. (2004). New Directions in Rural Tourism. Ashgate, UK.

Hernández Cruz, R., Bello Baltazar, E., Montoya Gómez, G. & Estrada Lugo, E. (2005). Social adaptation: ecotourism in the Lacandon forest. Annals of Tourism Research, 32(3), 610-627.

Hrabovski-Tomić, E. (2008). Selektivni oblici turizma [Selective forms of tourism]. Sremska Kamenica: Fabus.

Hunt, C., Durham, W., Driscoll, L. & Honey, M. (2015). Can ecotourism deliver real economic, social, and environmental benefits? A study of the Osa Peninsula, Costa Rica. Journal of Sustainable Tourism, 23(3), 339-357.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2017). Classificação e caracterização dos espaços rurais e urbanos do Brasil: uma primeira aproximação. Rio de Janeiro.

Lacoste, P. & Navarrete, S. (2014). Alternativas no tradicionales de desarrollo rural. Tourism Management, 32(4), 5-14.

Lane, B. (2009). Rural tourism: An overview. In T. Jamal & M. Robinson (eds.), The Sage handbook of tourism studies (pp. 354-370). London: Sage Publications.

Li, Y., Westlund, H. & Liu, Y. (2019). Why some rural areas decline while some others not: an overview of rural evolution in the world. Journal of Rural Studies, 68, 135-143.

Maher, P., Vaugeois, N. & McDonald, D. (2010). Examining the use of student extension tours to expose the costs and benefits of tourism to rural communities. Journal of Rural and Community Development, 5(1), 113-117.

Mbaiwa, J. (2011). Changes on traditional livelihood activities and lifestyles caused by tourism development in the Okavango Delta, Botswana. Tourism Management, 32(5), 1050-1060.

McGehee, N., Kim, K. & Jennings, G. R. (2007). Gender and motivation for agri-tourism entrepreneurship. Tourism Management, 28(1), 280-289.

Ministério do Turismo. (2010). Turismo Rural: Diretrizes do Desenvolvimento Turismo Rural. Brasília. Retirado de http://institucional.turismo.gov.br/mintur/coroot/CMS/DocumentoItem/files/Diretrizes-DesenvolvimentoTurismoRural.pdf

Niehof, A. (2004). The significance of diversification for rural livelihood systems. Food Policy, 29(4), 321-338.

Ohe, Y. & Ciani, A. (2011). Evaluation of agritourism activity in Italy: facility based or local culture based? Tourism Economics, 17(3), 581-601.

Ohe, Y. & Kurihara, S. (2013). Evaluating the complementary relationship between local brand farm products and rural tourism: evidence from Japan. Tourism Management, 35, 278-283.

Padilha, A. C. M., Souza, M., Vasconcelos Neto, A. & Wittmann, M. L. (2017). La estrategia de diversificación del sustento y el turismo en el medio rural. El caso del Camino de las Topiarias, Flores y Aromas, Brasil. Estudios y Perspectivas en Turismo, 26, 826-844.

Padilha, A. C. (2009). A estratégia de diversificação rural e a dinâmica da capacidade absortiva no contexto do turismo rural: proposição de estrutura de análise (Tese de doutorado). Programa de Pós-Graduação em Agronegócios, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.

Padilha, A. C., Silva, T., Souza, M. & Hoff, D. (2017). A estratégia de diversificação do meio de vida rural e a dinâmica da capacidade de absorção no contexto do turismo rural: proposta de estrutura de análise. Proceedings Book. IX International Tourism Congress, Peniche, Portugal.

Padilha, A. C., Souza, M., Fagundes, P. & Rodrigues, R. G. (2020). Turismo rural: propuesta de una estructura de análisis integrando estrategias de diversificación y conocimiento. Estudios y Perspectivas en Turismo, 29(1), 72-95.

Prayukvong, W. & Foster, M. (2014). Buddhist economics meets corporate social responsibility. International Journal of Economics and Business Research, 8(2), 175-192.

Qian, C., Sasaki, N., Jourdain, D., Minsun, S., & Shivakoti, G. P. (2017). Local livelihood under different governances of tourism development in China. A case study of Huangshan mountain area. Tourism Management, 61, 221-233.

Reardon, T., Berdegué, J. & Escobar, G. (2001). Rural nonfarm employment and incomes in Latin America: overview and policy implications. World Development, 29(3), 395-409.

Reardon, T., Delgado, C. & Matlon, P. (1992). Determinants and effects of income diversification amongst farm households in Burkina Faso. Journal of Development Studies, 28(1), 264-296.

Reardon, T., Stamoulis, K., Balisacan, A., Cruz, M., Berdeue, J. & Banks, B. (1998). Rural nonfarm income in developing countries. Rome: Food and Agriculture Organization.

Roberts, L. & Hall, D. (2001). Rural tourism and recreation: principles to practice. CABI Publishing, Wallingford, Oxfordshire.

Ruzic, P. y Demonja, D. (2017). Economic impacts of rural tourism in rural areas of Istria (Croatia). Transformations in Business & Economics, 16(3), 31-40.

Sánchez, A. & García, F. J. (2003). El turismo cultural y el de sol y playa. Cuadernos de Turismo, 11, 97-106.

Shoo, R. & Songorwa, A. N. (2013). Contribution of ecotourism to nature conservation and improvement of livelihoods around Amani nature reserve, Tanzania. Journal of Ecotourism, 12(2), 75-89.

Walker, B. & Salt, D. (2006). Resilience Thinking: Sustaining Ecosystems and People in a Changing World. Island Press, Washington, D.C.

Weaver, D. & Fennell, D. (1997). Rural tourism in Canada: the Saskatchewan Vacation farm operator as entrepreneur. In Page, S. & Getz, D. (eds.), The business of rural tourism: international perspectives. International Thomson Business Press, London.

Wishitemi, B., Momanyi, S. O., Ombati, B. G., Okello, M. M. (2015). The link between poverty, environment and ecotourism development in areas adjacent to Maasai Mara and Amboseli protected areas, Kenya. Tourism Management Perspectives, 16, 306-317.

World Tourism Organization (WTO) (2019). International tourism up 4% in first half of 2019, World Tourism Organization reports. Retirado de http://www2.unwto.org/press-release/2019-09-09/international-tourism-4-first-half-2019-world-tourism-organization-reports

Yin, R. K. (2009). Case study research: design and methods, 4.ª ed. Thousand Oaks: Sage Publications.