10.18601/01207555.n32.11

REDES DE RELAÇÕES SOCIAIS EM UMA MODALIDADE DE TURISMO RURAL NO TERRITÓRIO VALE DO IVAÍ, PARANÁ, BRASIL1

SOCIAL RELATIONS NETWORKS IN A RURAL TOURISM MODALITY IN THE VALE DO IVAÍ TERRITORY, PARANÁ, BRAZIL

REDES DE RELACIONES SOCIALES EN UNA MODALIDAD DE TURISMO RURAL EN EL TERRITORIO DEL VALE DO IVAÍ, PARANÁ, BRASIL

Clarice Bastarz
Doctora en Desarrollo Rural por la UFRGS
Profesora adjunta al Departamento de Turismo
de la Universidade Federal do Paraná
Brasil
[clariceufpr@gmail.com]

Marcelino de Souza
Doctor en Ingeniería Agrícola
Profesor titular en la Facultad de Ciencias Económicas
y del Programa de Posgrado en Desarrollo Rural de la
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Brasil
[marcelino.souza@uol.com.br]

1 Para citar el artículo: Bastarz, C. & De Souza, M. (2023). Redes de relações sociais em uma modalidade de turismo rural no território Vale do Ivaí, Paraná, Brasil. Turismo y Sociedad, XXXII, 271-299. DOI: https://doi.org/10.18601/01207555.n32.11

Fecha de recepción: 8 de mayo de 2020
Fecha de modificación: 26 de octubre de 2020
Fecha de aceptación: 30 de abril de 2021


Resumo

Caminhadas na Natureza configuram-se numa modalidade de turismo rural e propõe que comunidades rurais organizem circuitos para comercialização de produtos. O objetivo deste artigo foi analisar as redes de relações sociais formadas entre os participantes desta modalidade de turismo rural no Território Vale do Ivaí, Estado do Paraná, Brasil. Através de uma amostragem intencional não probabilística realizaram-se 42 entrevistas semi-estruturadas no ano de 2015. As redes de relações sociais que se formaram nas Caminhadas na Natureza são baseadas em laços fortes e fracos. Conclui-se que a presença dos laços fracos garantiu o desenvolvimento das caminhadas, proporcionaram fluidez e dinâmica para a rede que forma o mercado das Caminhadas na Natureza, estabelecendo um fluxo regional de turismo.

Palavras-chave: turismo rural, caminhadas na natureza, análise de redes, Vale do Ivaí.


Abstract

Hiking in the nature is a modality of rural tourism that proposes that rural communities organize circuits for commercialization of products. The objective of this paper was to analyze the social relations networks formed between the participants of this rural tourism modality in the Vale do Ivaí Territory, Paraná State, Brazil. Through intentional non-probabilistic sampling, 42 semi-structured interviews were conducted in 2015. The networks of social relationships that were formed on nature walks are based on strong and weak ties. It is concluded that there are strong ties in the subnetworks and that the weak ties are found between the subnetworks, which guarantees the fluidity and dynamics of the network.

Keywords: rural tourism, nature walks, network analysis, Vale do Ivaí.


Resumen

Los senderos de la naturaleza están configurados en una modalidad de turismo rural en la que se propone que las comunidades rurales organicen circuitos para la venta de productos. El objetivo de este artículo fue analizar las redes de relaciones sociales formadas entre los participantes de esta modalidad de turismo rural en el territorio Vale do Ivaí, estado de Paraná, Brasil. Por medio de un muestreo intencional no probabilístico, se realizaron 42 entrevistas semiestructuradas en 2015. Las redes de relaciones sociales que se formaron en los paseos por la naturaleza se basan en lazos fuertes y débiles. Se concluye que existen lazos fuertes en las subredes y que los lazos débiles se encuentran entre las subredes, lo que garantiza la fluidez y dinámica de la red.

Palabras clave: turismo rural, senderos de la naturaleza, análisis de redes, Vale do Ivaí.


1. Introdução

Impulsionado por uma política pública de desenvolvimento rural, o projeto denominado de "Caminhadas na Natureza", ocorre no Território do Vale do Ivaí como uma modalidade de turismo rural, em que um número expressivo de participantes tem gerado um fluxo turístico regional importante. Este projeto prevê que os agricultores das comunidades rurais anfitriãs, apoiados pelo Estado, realizem eventos de caminhadas oferecendo aos turistas serviços de alimentação, bem como a venda direta de produtos locais. Este modelo de caminhadas possui uma metodologia internacional, orientada pela Federação Internacional de Esportes Populares [IVV].

Enquanto um fenômeno econômico, esta modalidade de turismo rural poderia ser analisada na perspectiva da Nova Sociologia Econômica, levando em consideração os atores, sua interação e as características das relações sociais que o conformam, visando o desenvolvimento das localidades rurais. Entretanto, notou-se que ainda existe insuficiente produção científica que aproxime o turismo rural a esta abordagem teórica.

A Nova Sociologia Econômica (NSE) remonta a autores clássicos como Max Weber, Émile Durkheim, Karl Marx e George Simmel, considerados inspiradores da Sociologia Econômica (SE). Na Sociologia Econômica, a construção do campo de conhecimento por parte da Sociologia busca compreender a maneira com que as instituições e estruturas sociais moldam a divisão do trabalho e a dinâmica dos mercados. A Sociologia se preocupa em entender como o contexto social e os processos históricos levaram os grupos humanos a diversificarem a organização da produção e das trocas (mercado) no espaço e no tempo.

Conforme Lévesque (2009), a Sociologia Econômica é definida como um conjunto das teorias que buscam explicar os fenômenos econômicos a partir de elementos sociológicos e como disciplina capaz de pensar sociologicamente os fatos econômicos. Ou seja, conforme destacou Swedberg (2009), a Sociologia Econômica "estuda tanto o setor econômico na sociedade (fenômenos econômicos), como a maneira pela qual o restante da sociedade o influencia". Por sua vez, a NSE entende que todos os fenômenos econômicos são sociais e que estão enraizados na estrutura social, em maior ou menor medida.

Além disso, esta investigação justificou-se por três aspectos. O primeiro, pelas escassas publicações que alinhavam a abordagem teórica da Nova Sociologia Econômica com o tema do turismo rural. O segundo aspecto se dá pela relativa ausência de estudos sobre a modalidade de turismo rural intitulada de "Caminhadas na Natureza". Esta pesquisa respalda a criação e o aprimoramento das políticas públicas de desenvolvimento rural através do turismo, não apenas do Estado do Paraná, mas também em outras regiões do País. Os planejamentos destas políticas públicas são fundamentais para a execução de ações criativas e adequadas a realidade das comunidades rurais, com repercussões não apenas na dimensão econômica, mas também na dimensão social das famílias. Por fim, o terceiro aspecto é a escolha do Vale do Ivaí como campo de pesquisa, pois esta região apresenta condição de vulnerabilidade social, pela predominância de agricultura familiar e pelo significativo fluxo turístico que o projeto denominado de "Caminhadas na Natureza" criou desde a sua implantação.

Diante do exposto acima, verificou-se a necessidade de realização desta pesquisa que trata especialmente de analisar e descrever as redes de relações sociais formadas entre os participantes. Sendo assim, o objetivo deste artigo foi descrever e analisar a estrutura das redes de relações sociais existentes entre os participantes das Caminhadas na Natureza do Território Vale do Ivaí, Estado do Paraná, Região Sul do Brasil. Além desta introdução este artigo possui mais cinco seções: a segunda seção em que se expõe o enfoque teórico, a terceira seção que contém os procedimentos metodológicos, a quarta seção em que é feita a análise e discussão dos resultados e, a quinta e última seção, em que se apresentam as principais conclusões obtidas na pesquisa.

2. Enfoque teórico da pesquisa

Existe um longo e complexo debate no sentido de definir o turismo rural no Brasil e Tulik (2010) acredita que há ainda muito a ser feito quanto a definir e tipificar o fenômeno. Ainda nos anos 2000, Rodrigues apontou esta imprecisão de conceitos e argumentou que isto estaria vinculado à tentativa de classificação as experiências brasileiras a partir de parâmetros europeus. Para a autora, a definição de turismo rural no Brasil deveria ser feita a partir de parâmetros brasileiros. Nesta pesquisa, leva-se em consideração a discussão sobre turismo rural de Rodrigues como um turismo híbrido, em que o turismo rural se apresenta associado a outros segmentos, especialmente o ecoturismo. Portanto, considera-se que as Caminhadas na Natureza são uma modalidade de turismo rural, ligado ao segmento de ecoturismo e turismo de aventura (Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura [ABETA], 2010).

Conforme Tulik (2003, p. 72), na Europa o turismo rural possui um amplo sentido e inclui o turismo de natureza, considerado também ecoturismo em áreas rurais. Para Ezequiel e Carvalho (2014, p. 85), o turismo de natureza em Portugal, ainda que "instintivamente associado às áreas protegidas", estende-se também aos espaços rurais em todo o território nacional e está ligado à animação e prática de esportes de natureza.

O pedestrianismo (como é chamado o ato/esporte de caminhar em Portugal) é, para Ezequiel e Carvalho (2014, p. 82), uma importante estratégia para o desenvolvimento dos espaços rurais portugueses "com irrevogáveis reflexos para a melhoria da qualidade de vida das comunidades receptoras" e satisfação dos visitantes.

Há poucos trabalhos científicos a respeito de caminhadas na perspectiva do turismo e desenvolvimento rural. A dificuldade em encontrar trabalhos na temática, foi observada por Kouchner e Lyard (2001), quando redigiram o documento intitulado "Desenvolvendo caminhadas em áreas rurais"2, inerente ao Programa LEADER II3, elaborado pela Direção Geral de Agricultura da Comissão Europeia. Os autores dizem ainda que as caminhadas foram por muito tempo subestimadas e ignoradas, mas que são percebidas como a maneira ideal de desenvolvimento do turismo local. Embora o documento de Kouchner e Lyard (2001) não tenha caráter científico, sua existência é relevante pois demostra que as caminhadas foram pensadas a atuar como estratégia de desenvolvimento rural e turismo, através do apoio a iniciativas locais em toda a União Europeia. O que corrobora com o debate acadêmico internacional sobre desenvolvimento rural, multifuncionalidade e diversificação econômica.

De acordo com o IVV (2015), as caminhadas devem ser organizadas por entidades locais, da sociedade civil ou da administração pública, e devem incluir, além do circuito de caminhada, serviços e produtos oferecidos pelos habitantes locais para os caminhantes, tais como serviço de café da manhã e almoço, feira com produtos locais e manifestação cultural. O envolvimento da comunidade local, de acordo com a metodologia proposta pela Anda Brasil, é imprescindível para a realização do evento (Anda Brasil, 2007).

A partir do fenômeno da diversificação econômica das propriedades e da revalorização das áreas rurais emerge o turismo rural (Kageyama, 2008; Wanderley, 2009) e, portanto, as caminhadas natureza, como uma das alternativas, entre tantas outras possíveis, encontradas pelos agricultores.

Embora a perspectiva econômica seja abundantemente abordada nos estudos sobre o turismo rural e seja, em muitos casos, a principal razão do desenvolvimento da atividade turística, talvez, esta não seja o principal motivo. Talvez existam outras razões ou dimensões que possam o explicar o surgimento do turismo rural em determinadas localidades, como a rede de relações sociais.

Assim, partiu-se do pressuposto que os mercados estão em constante dinâmica e são formados por redes de relações sociais. Os indivíduos, portanto, não são exclusivamente motivados por aspectos econômicos, mas também por aspectos sociais, que contribuem para suas tomadas de decisões nos mercados, segundo Smelser (1968). Para Granovetter (2009), estas decisões individuais estão enraizadas em sistemas de relações sociais.

A noção de embeddedness4 traduz o significado de que os vínculos sociais organizados na forma de redes influenciam o desenvolvimento de oportunidades econômicas. Atribui-se a Granovetter a expansão da utilização da análise de redes sociais como metodologia da NSE. De acordo com Granovetter (2007, p. 9), estas decisões individuais "estão enraizadas em sistemas concretos e contínuos de relações sociais, onde os atores não adotam de forma servil um roteiro escrito para eles, mas pela intersecção específica de categorias que eles porventura ocupem".

Para Scott et al. (2008), os destinos turísticos são considerados sistemas complexos, representados por uma rede, em que há uma composição de stakeholders e as ligações que os conectam.

As principais propriedades de uma rede, conforme Scott et al. (2008, p. 805) são: o sistema é composto de um grande número de elementos que interagem; as interações entre os elementos são não-lineares; cada elemento é independente do comportamento do sistema como um todo e interagem apenas com informações localmente disponíveis; o sistema é normalmente aberto e está longe de um estado de equilíbrio; sistemas complexos possuem história e seu atual e futuro comportamento dependem de sua história e são sensíveis a ela.

A relação entre os atores sociais possui padrões que definem suas trocas econômicas. Este enfoque estrutural da NSE dá atenção a esses padrões de relações entre os atores, através da metodologia da análise de redes.

Grosso modo, este enfoque mostra que os padrões de relações não dependem do conteúdo dos laços sociais e que os constrangimentos associados às posições em uma rede de relações são frequentemente mais importantes na definição das ações individuais que os valores, atitudes e ideias socialmente compartilhadas. Ou seja, a posição de um ator na rede pode definir, em maior ou menor medida, as ações dos outros atores e a relações que estes estabelecem entre si.

Sob o ponto de vista da Teoria das Organizações, a partir da definição dos mercados como redes de relações sociais, Burt (1992) afirmou que a estrutura do campo competitivo e a posição dos jogadores determinam as oportunidades de negócios e as possibilidades de lucros. A análise aponta os mecanismos através dos quais a estrutura concreta dos mercados gera imperfeições competitivas que abrem oportunidades empresariais para alguns jogadores e não para outros. Isso quer dizer que dependendo da estrutura de uma rede de relações sociais e da posição dos atores, o poder (social, econômico, político, empresarial, informacional, etc.) sobre o mercado aumenta ou diminui.

Em constante dinâmica, os mercados são formados pelos contatos sociais formais e informais, que influenciam a forma com que os produtos são identificados pelos consumidores. Granovetter (1985) diferencia as relações sociais dos participantes das redes presentes nos mercados em dois tipos: os laços fortes e os laços fracos. Num artigo clássico Granovetter (1985) passa a explorar a força dos laços que seria uma combinação (provavelmente linear) de: quantidade de tempo, intensidade emocional, intimidade (de confiança mútua) e serviços recíprocos que caracterizam um laço. Essas características são relativamente independentes umas das outras, apesar de o conjunto ser altamente intracorrelacionado.

Conforme representado na figura 1 os laços fracos ligam pessoas ("A" e "B") com interesses similares que passam tempo juntas (mesmo que apenas virtualmente), o que em geral acaba levando um amigo de "A" com laços fortes com "E", a se tornar também amigo de "B", com laços fortes ou fracos.

Uma ponte seria uma linha em uma rede que fornecesse o único caminho entre dois pontos. Uma ponte entre "A" e "B", por exemplo, forneceria a única rota pela qual a informação ou influência pode fluir de algum contato de "A" com algum contato de "B", e, consequentemente, de alguém conectado indiretamente a "A" para alguém conectado indiretamente a "B". Em geral, portanto, um laço forte não é uma ponte, porque um laço forte entre "E" e "A" geraria, algum tipo de laço entre "E" e "B". Para Granovetter (1973) a remoção de laços fracos, portanto, tende a causar danos a redes, porque eles são em geral os únicos pontos de contato entre vários pontos. O potencial de difusão de uma mensagem na rede é também maior se ela viajar por laços fracos, já que os laços fortes tendem a replicar a mesma mensagem mais de uma vez para as mesmas pessoas.

Por exemplo, aqueles com quem temos laços fracos tendem a frequentar grupos diferentes dos que frequentamos e, por isso, têm acesso a informações diferentes daquelas compartilhadas por aqueles com quem mantemos laços fortes. Os laços fracos têm também maior tendência de ligar membros de pequenos grupos distintos do que os laços fortes, que tendem a se concentrar em grupos particulares. Laços fracos são, portanto, indispensáveis à criação das oportunidades para um indivíduo e sua integração em uma comunidade, desempenhando assim um papel de coesão social.

Ou seja, se uma rede possui predominância de laços fortes, é mais difícil agregar um ator a ela, fazendo com que o mercado se expanda mais lentamente. Ao contrário do que ocorreria numa rede com predomínio de laços fracos, onde os atores possuem mais fluidez para entrar ou para sair e, consequentemente, se movimentar na rede, dinamizando o mercado. Assim, Granovetter (1985) defende a força e a importância dos laços fracos numa rede.

Portanto, para Granovetter (1973) são os laços fracos que explicam a criação de oportunidades econômicas, tais como novos empregos, comercialização de produtos etc. Neste sentido, os atores ao estabelecerem relações sociais com diversas redes aumentam o fluxo de informações que podem adquirir força e capacidade de replicação na criação de novas relações sociais. A continuidade destas informações dependeria do círculo de contatos sociais, que permitiria aos atores gerar pré-conceitos a respeito de produtos ou serviços. Assim, a decisão é tomada de acordo com um raciocínio de que quem os informou já possui o conhecimento sobre o baixo custo, rapidez e detalhamento da oportunidade existente, de acordo com Granovetter (1985). Conforme este mesmo autor, "os indivíduos tomam decisões com base nos conhecimentos acumulados ao longo desses relacionamentos".

Outro aspecto a destacar é que as redes, de uma maneira geral, são estruturas formadas por nós e ligações. Em algumas delas, ou alguns tipos, os nós podem ter um número médio de conexões, conforme destacaram Albert e Barabási (2002). Redes, durante quase todo o tempo, são estruturas invisíveis e informais. Contudo, elas são percebidas somente quando as pessoas precisam delas, ou seja, quando elas são acionadas (Ruiz et al., 2005). Segundo Marteleto e De Oliveira e Silva (2004) e Lazzarini (2008) a rede é usada para designar ou qualificar sistemas, estruturas ou desenhos organizacionais compostos por indivíduos, grupos ou organizações conectadas por algum tipo de relação.

Conforme Castells (2000, p. 498) as redes podem ser definidas como "estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam comunicar-se dentro da rede", o que as caracterizam como um sistema aberto altamente dinâmico e suscetível à inovação. Segundo Ruiz et al. (2005) as redes abertas e democráticas proporcionam a identidade de seus membros, sem, no entanto, anular a sua diversidade, não impedindo que, a qualquer instante, novos atores possam se integrar às mesmas.

Para a existência de uma rede são necessários o cumprimento de alguns pré-requisitos que Costa (2003) descreve como práticas e princípios democráticos, tanto do ponto de vista social e emancipatórios, quanto do ponto de vista político. Sua estrutura então, se formará a partir de uma conectividade entre seus pontos ou nós, baseada não em noções primárias de disposição geográfica e quantidade, mas sim na capacidade e dinâmica produzida por esse tipo de sistema, que são: Não linearidade (a rede se estende em todas as direções); Laço de realimentação (as mensagens viajam ao longo de um caminho cíclico); Capacidade de regular a si mesma (capacidade de corrigir os seus erros e organizar a si mesma); Multiplicação de ações (poder de expansão das conexões); Dinâmica do relacionamento horizontal (ausência de uma relação de subordinação) e; Interdisciplinaridade (as redes estão ancoradas em perspectivas filiadas às várias correntes do chamado pensamento sistêmico e às teorias da complexidade).

Estes pré-requisitos podem ser considerados como o "núcleo duro" das redes. Entretanto, pode-se observar a existência de outros enfoques tais como a confiança, sendo um grupo de atores que têm em comum normas ou valores além daqueles necessários às transações habituais de mercado. Ao atuar de forma cooperada os atores obtêm vantagens, partilhando informações, conhecimento e tecnologia, alertando, porém, que o rompimento desta parceria pode causar um dilema entre cooperação e competição.

De acordo com o elucidado por Ruiz et al. (2005) e Costa (2003), pode-se afirmar que a rede é uma estrutura não hierárquica e dinâmica, em que a horizontalidade confere mais autonomia aos atores e menor concentração de poder.

Ruiz et al. (2005) destacam a participação voluntária como a primeira pré-condição para a existência de uma rede. A autonomia é o fundamento do modo de operação dos integrantes, pois sem a participação ativa nenhuma iniciativa vai adiante. As redes decorrem de uma relação moral de confiança, sendo um grupo de agentes individuais que têm em comum normas ou valores além daqueles necessários às transações habituais de mercado (Fukuyama, 2006).

Marteleto e Oliveira e Silva (2004) analisam as redes no contexto social, cuja estrutura de cooperação funciona como um tecido que condiciona a ação dos indivíduos nela inseridos. Eles evidenciam as relações sociais dos indivíduos como um elemento chave para a compreensão da sociedade, criticando o conceito de indivíduo (ser humano vivendo isoladamente) e o conceito de sociedade (entendida simplesmente como um conjunto de indivíduos).

O surgimento de uma rede ocorre quando um propósito comum consegue aglutinar diferentes atores e convocá-los para a ação. É uma organização sem hierarquia, onde os seus elementos estão ordenados sem a mediação de qualquer controle ou governo. Essa ordem é produzida por uma dinâmica de autoajuste, que acontece devido à circulação da informação de forma não linear. Em sua estrutura não há somente um centro, cada ponto existente no sistema pode vir a ser o centro, conforme o ponto de vista, logo a rede possui vários centros, consequentemente há a divisão do poder.

As redes não são formadas aleatoriamente. Os atores podem aderir ou serem convidados a participar da rede. O mecanismo de formação de uma rede pode, então, ser resumido por: crescimento: Parte-se de um cluster mínimo de nós totalmente conectados e um novo nó é adicionado à rede, conectado a nós já existentes; Conexão preferencial: Ao escolher o nó ao qual o novo nó se conecta, assume-se que a probabilidade com que um nó seja escolhido depende de sua conectividade.

Isso quer dizer que no mecanismo de crescimento, o ator se integra a rede por entender que isso é interessante para ele. Parte do ator a iniciativa da integração. No caso do mecanismo de conexão preferencial, os atores que já integram a rede convidam outros atores a participar da mesma. Ou seja, a iniciativa ou decisão de integrar um ator parte da própria rede, dando preferência a atores convenientes a ela. De maneira simplista, as redes são um conjunto de nós com algumas regras para conectá-los. São ainda, estruturas frágeis e dinâmicas. Deste modo surge a ideia de animação, como o conjunto de ações necessárias para alimentar o desejo e o exercício de participação, para dar vigor às dinâmicas de conexões e relacionamento entre os integrantes.

Segundo Granovetter (1985), existem dois tipos de posicionamentos na rede: o estrutural e o relacional. O primeiro enfatiza como a posição estrutural de um ator na rede afeta o seu comportamento, e o segundo ressalta a dependência do comportamento dos atores com a estrutura de mútuas expectativas. Portanto, nesta estrutura estão presentes as relações de poder, a confiança, o oportunismo, o controle social, os sistemas de alinhamento de interesses, as formas de negociação e as formas de seleção de fornecedores, dentre outros aspectos. As ligações, conexões ou linkages determinam o grau de interconexão dos atores de uma rede. Britto (2000b) destaca que na análise morfológica de uma rede é necessário um detalhamento da estrutura, da forma e do conteúdo dos relacionamentos entre os membros desta rede.

Primeiramente, em função da estrutura das ligações na rede, é possível distinguir estruturas dispersas-nas quais o número de ligações entre pontos é bastante limitado-de estruturas saturadas, nas quais cada ponto está ligado a praticamente todos os demais que conformam a rede. Britto (2000b) descreve que a análise da configuração destas ligações é de fundamental importância para uma boa caracterização da estrutura. Britto (2000a), ao analisar as redes de firmas e o comportamento destas estruturas, detalha que na abordagem em redes são utilizados quatro elementos morfológicos genéricos que são comuns a este tipo de estrutura, quais sejam: pontos, posições, ligações e fluxos - que podem ser considerados como "partes" constituintes das estruturas em rede.

Apesar de sua onipresença e importância nos processos que são realizados pelas pessoas, os mecanismos básicos que regem o funcionamento das redes ainda são pouco conhecidos. A síntese das propriedades das redes, segundo os diferentes autores pesquisados, está contida no quadro 1.

De acordo com a literatura apresentada no quadro 1, a densidade é a propriedade que se pode analisar sem a ajuda medidas específicas de softwares, pois quanto mais densa, maior o emaranhado de conexões entre os nós. Com a densidade é possível compreender a intensidade das relações entre os atores. A centralidade é fundamental para compreender quais são os nós que possuem maior aglutinação de conexões. É a medida que demonstra o poder e hierarquia de um ator na rede, pois ele concentra o maior número de relações entre os demais atores e pode decidir quais informações são interessantes ou não pode emitir e quais atores devem recebe-la. A proximidade exprime a capacidade de um nó se ligar aos demais nós da rede e a distância entre os mesmos. Quanto maior a proximidade, maior a intensidade das relações e mais forte o laço. A intermediação, por fim, mede o grau de intervenção de um ator sobre os outros, servindo também para analisar o grau poder de influência de um ator na rede.

Na sequência deste artigo serão apresentados, de forma mais detalhada possível, os procedimentos metodológicos que foram utilizados na pesquisa.

3. Procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa

A área de abrangência dessa pesquisa foi o que se denomina "Território do Vale do Ivaí, Estado do Paraná, Região Sul do Brasil.

A região do Vale do Ivaí se posiciona como uma das regiões mais pobres do Paraná. Segundo dados do Ipardes (2008) no ano de 2007 havia um total de 24.964 ou 26,9% de famílias vivendo em extrema pobreza na região do Vale do Ivaí, indicador superior à média paranaense a qual era de 20,9%.

De modo geral, os municípios apresentavam taxas de pobreza elevadas, chegando, em alguns casos, a ultrapassar o dobro da média estadual. Esta situação comprometeu diretamente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região, o qual se caracteriza por ser baixo, compatível com municípios do sertão nordestino (Ipardes, 2008).

A média do IDH dos municípios do Vale do Ivaí é 0,697 e todos os municípios do Vale estão abaixo do IDH médio paranaense, que é 0,749 pontos. Isto demonstra a fragilidade socioeconómica do território e vulnerabilidade social que o território possui (IBGE, 2010).

Na figura 2 está ilustrada a localização do Território do Vale do Ivaí e seus municípios componentes.

Quanto ao turismo, de acordo com a Secretaria de Turismo do Paraná, em um estudo sobre o nível de desenvolvimento turístico do município realizado em 2012, constata-se que o nível de desenvolvimento do turismo no território é baixo no ano de 2010 (Secretaria de Estado do Turismo [SETU], 2012). Portanto, indica a ausência de prioridade para a implantação de políticas públicas do setor turismo o Vale do Ivaí.

O método de abordagem que foi utilizado nesta pesquisa é o estudo de caso. De acordo com Yin (2010) o estudo de caso se aplica quando se deseja entender um fenómeno real em profundidade o qual engloba importantes condições contextuais que inclui a coleta e análise de dados. Não se trata necessariamente de uma pesquisa apenas qualitativa, podendo englobar uma mistura de dados qualitativos e quantitativos os quais possibilitam um maior aprofundamento e fidedignidade interpretativa, conforme Minayo (2013).

A pesquisa foi realizada em duas fases distintas. A primeira fase foi a pesquisa de campo, organizada em conjunto com a Coordenadora Estadual de Turismo Rural da EMATER5 (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) que, por contato telefónico, facilitou a realização das observações e das entrevistas. E, a terceira, foi a organização, tabulação, tratamento e análise dos dados coletados.

A pesquisa de campo ocorreu em duas etapas. A primeira etapa ocorreu entre 13 e 24/3 de 2015 nos municípios de Borrazópolis e Barbosa Ferraz. A segunda etapa ocorreu de 29/5 a 2/6 de 2015 no município de Lidianópolis6. Na figura 3 apresenta se a localização dos municípios selecionados para a pesquisa. Foram entrevistadas três categorias de atores (agricultores, caminhantes e organizadores). Para atingir o objetivo foi utilizada a técnica da "bola de neve", conforme preconizado por Souza e Quandt (2008). Este método inicia com um ator ou conjunto de atores, a partir dos quais os demais componentes desta rede foram rastreados. Assim, foi constituída uma amostra intencional não probabilística a partir da identificação inicial de atores. Esta técnica é comumente utilizada em pesquisas qualitativas e envolve a identificação de um ou mais contatos iniciais, que sugerem outros contatos a serem entrevistados. O primeiro ator entrevistado e que indicou os demais atores da rede, foi a Coordenadora Estadual do Projeto intitulado "Caminhadas na Natureza" do Estado do Paraná.

Os atores indicados pela referida coordenadora foram entrevistados e, por sua vez, indicaram outros atores. Considerou-se que poderia haver reciprocidade de indicações, ou seja, o ator que indicou poderia ser também indicado. Não houve limites para o número de atores indicados, sendo que a quantidade de indicações e a sua reciprocidade foi parte do resultado a ser analisado. O primeiro ator deveria indicar outros atores com os quais se relacionava a fim de participar das "Caminhadas na Natureza", podendo ser de qualquer categoria: agricultores, caminhantes ou organizadores. Os atores indicados pela Coordenadora do Projeto deveriam ser entrevistados e, por sua vez, indicariam outros atores para a entrevista e assim por diante, conforme propõe a técnica "bola de neve".

Para compreender a rede de relações que formava o mercado das Caminhadas na Natureza no Vale do Ivaí foram, portanto, realizadas entrevistas semiestruturadas com 42 pessoas (sendo 13 agricultores, 12 caminhantes e 17 organizadores), estes 42 entrevistados indicaram outros 182 atores, resultando em 224 atores presentes na rede e, assim, 426 relações. Além disso, houve uso da técnica de observação participante (no sentido ortodoxo).

Com base nos resultados obtidos nas entrevistas foram analisadas as características atributivas dos atores. Para tal, foram feitas perguntas específicas para cada categoria de entrevistado (agricultores, caminhantes e organizadores), entretanto, a maior parte das perguntas eram iguais. Na rede de relações sociais formada durante a realização das caminhadas, cada ator representou um nó.

Com relação às características das relações, cada ator entrevistado, ao indicar outro ator deveria caracterizar sua relação com ele. Ou seja, para cada ator indicado, o entrevistado deveria responder um questionário estruturado com perguntas acerca das características da relação que estabelece com o indicado. As características foram: natureza da relação (eventual, negócios, profissional, amizade e familiar), forma de surgimento, meios de comunicação, frequência da comunicação, velocidade da resposta, tempo de existência da relação, formalização e local de residência. O entrevistado poderia citar mais de uma variável para caracterizar sua relação com o indicado, gerando variáveis compostas. A tabulação das características das relações foi realizada utilizando o programa Excel, através de obtenção de medidas simples de estatística descritiva, tais como a frequência e a média. A indicação de entrevistados foi encerrada ao se respeitar dois critérios: o de viabilidade da aplicação das entrevistas com os atores indicados ou pela própria saturação das indicações. A saturação ocorreu quando sempre os mesmos atores foram indicados, evidenciando o possível limite ou fronteira da rede pesquisada.

A segunda fase da pesquisa, foi desenhar a rede que se estabeleceu com a aplicação das entrevistas, demonstrando os atores (nós) e as relações (pontes). Foi utilizado o software UCINET 6 para o Windows, capaz de elaborar um sociograma, a partir de uma matriz binária. Para isso, foi necessário elaborar uma planilha no Excel com os 226 indicantes e indicados, dispostos numa coluna horizontal (x) e outra vertical (y). Quando havia relação entre o entrevistado e o indicado, se atribuiu o valor 1 (um). Quando não havia relação, o valor 0 (zero). Finalizada a planilha de maneira manual, ela foi alimentada no software UCINET 6. Assim, o sociograma forneceu um retrato virtual bastante preciso a respeito da rede formada. Além disso, o UCINET 6 forneceu algumas propriedades da rede, expressas através de medidas, sendo elas: densidade e centralidade.

Foi necessário "congelar" a rede uma vez que ela é por essência dinâmica. É nessa perspectiva metodológica, de "congelamento" da rede, que esta pesquisa seguiu, por meio da análise das relações entre os atores na construção da rede configurada.

Assim, foi possível compreender as suas características essenciais, como também verificar como a rede que conforma o mercado das Caminhadas da Natureza, estabelecendo seus elementos estruturais, intensidade dos laços e as os principais atributos dos atores.

4. Análise e discussão dos resultados da pesquisa

Na sequência do texto serão apresentadas a análise e a discussão dos resultados da pesquisa.

4.1 Estrutura da rede de relações sociais das Caminhadas na Natureza do Vale do Ivaí

As redes, de maneira simples, são um conjunto de nós com algumas regras para conectá-los. Para compreender a rede de relações que forma o mercado das Caminhadas na Natureza do Vale do Ivaí foram entrevistados 25 homens e 17 mulheres, distribuídos entre as categorias (agricultores, caminhantes e organizadores). A faixa etária predominante dos entrevistados foi de 41 a 64 anos, que se revelou da mesma forma quando analisadas por categorias de entrevistados. Diante da distribuição uniforme da frequência das variáveis entre as categorias, evidenciou-se que não houve interferência direta destas variáveis nos resultados da pesquisa.

Quanto aos agricultores, estes não puderam ou souberam informar ao entrevistador, de forma adequada, a sua renda mensal. Com relação à renda familiar, esta variável foi questionada apenas à categoria dos caminhantes, pois durante teste do roteiro de entrevista houve constrangimento por parte dos organizadores em responder a esta pergunta. A renda familiar mais citada pelos caminhantes foi de R 3.001 a R 5.000,00, a qual foi seguida pela faixa de R 5.001,00 a R 10.000,00. O local de residência dos entrevistados revelou que predomina o Território Vale do Ivaí, o que demonstra que a escala geográfica dos atores tende a ser regional. Observou-se similaridades entre as características do perfil de entrevistados, com exceção do nível de escolaridade. A pós-graduação foi o nível de escolaridade mais citado e se mostrou semelhante entre os caminhantes e os organizadores. Em contrapartida, os agricultores possuem nível de escolaridade baixo, evidenciando diferenças entre as outras categorias de entrevistados.

Destes 42 atores entrevistados resultaram em 426 relações, portanto, em média, se relacionam com 10,84 atores. O mínimo de indicados por entrevistado foram três e o máximo foi 27 atores. Houve indicações recíprocas. Além disso, um mesmo sujeito foi indicado mais de uma vez por entrevistados diferentes, portanto, os 42 entrevistados indicaram 182 atores, resultando em 224 atores que compõem a rede analisada, a qual encontra-se ilustrada na figura 4.

Quanto aos atributos dos atores, cujos resultados estão expostos na tabela 1, no que concerne ao gênero dos atores indicados, pode-se verificar, na totalidade, um equilíbrio entre os gêneros masculino e feminino.

Ao analisar as categorias de entrevistados, percebe-se ainda este equilíbrio entre os agricultores, entretanto, entre os caminhantes e os organizadores nota-se que há desequilíbrio. Os caminhantes mais indicados pertencem ao gênero feminino. Mas, em relação aos organizadores, verifica-se que a maioria dos indicados pertence ao gênero masculino.

Quanto ao local de residência, dos 224 atores, 163 residem no Território Vale do Ivaí, 59 no estado do Paraná e apenas 2 em outros estados. Ao analisar as categorias separadamente, observa-se a predominância de agricultores residentes no Vale do Ivaí. A maioria dos organizadores reside no Território. Os resultados referentes ao local de residência dos entrevistados caminhantes revelaram um equilíbrio dos números entre o Vale do Ivaí e Estado do Paraná.

Os atributos dos atores estão ilustrados através de sociograma contido na figura 5. Pode-se observar através da figura 4 que participavam desta rede 224 atores, sendo eles 72 agricultores, 87 caminhantes e 65 organizadores.

Através do sociograma, que pode ser observado nas figuras 5 e 6, respectivamente, percebe-se a fraca integração entre as categorias agricultores e caminhantes. Além disso, puderam-se demonstrar algumas propriedades da rede que serão analisadas nas seções subsequentes deste artigo.

4.2 Aspectos relativos à centralidade e à densidade da rede

No caso da rede em análise, destacam-se sete nós (atores) indicados pelos demais atores. São eles: Coordenadora estadual do projeto Caminhadas na Natureza, com 16 indicações recebidas (ORG 1); Extensionista local da EMATER, com 10 indicações recebidas (ORG 2); Gerente Regional da EMATER, com 9 indicações recebidas (ORG 11); Secretário da Agricultura de Barbosa Ferraz, com 9 indicações recebidas (ORG 36); Agricultor familiar e presidente da Associação de Moradores do Bairro Salto Fogueira do município de Borrazópolis, com 8 indicações recebidas (AGR 1); Médica veterinária da Prefeitura de Borrazópolis, com 7 indicações recebidas (ORG 13) e; Extensionista local da EMATER, com 7 indicações recebidas (ORG 18). A centralidade dos nós é ilustrada pela figura 6.

Os atores mais indicados, são sujeitos que possuem popularidade nas Caminhadas na Natureza. Os atores que concentram as indicações possuem poder sobre o fluxo de informações que circula entre os atores e mostra também a autoridade, possível hierarquia, capacidade de apropriação de inovações e a coordenação de ações que garantem a existência da rede, sua estabilidade e dinâmica.

Não por acaso, portanto, o nó que concentra esse poder e que foi o mais indicado pelos atores é a coordenadora estadual das Caminhadas na Natureza, pois foi também a primeira entrevistada. Ela realizou 27 indicações e, em contrapartida, foi indicada por 16 outros atores. Assim, este ator possui popularidade e é sociável, de acordo com Freeman (1978-1979).

É interessante destacar que, dos sete atores mais populares e que demonstraram possuir centralidade na rede analisada, seis pertencem à categoria de organizadores. Destes seis, todos são do poder público e quatro são do quadro funcional da EMATER. Isso demonstra que os organizadores possuem maior poder na tomada de decisões e estabelecem uma certa hierarquia com relação aos demais atores da rede estabelecida.

Carvalheiro (2010), ao estudar a rede de relações sociais de agroindústrias no Sudoeste do Paraná, também observou a forte presença da assistência técnica da EMATER, e este fato pode ser entendido porque esta instituição é a principal executora de políticas públicas do Paraná e do Governo Federal. A EMATER proporciona assistência técnica, treinamentos e capacitação, promoção, apoio e suporte para a implantação de projetos, como é o caso das Caminhadas na Natureza.

Essa centralidade de poder da EMATER nas Caminhadas na Natureza foi observada pelo Presidente da Anda Brasil (instituição que deu início às Caminhadas do modelo IVV no Brasil) e também pelo primeiro coordenador do projeto das Caminhadas no Estado do Paraná durante as entrevistas. Ambos criticaram a concentração de ações e decisões referentes à caminhada que a EMATER possui e acreditam que a sociedade civil organizada, formada por caminhantes e agricultores, deveria ter mais agência.

Essa centralidade de poder da EMATER nas Caminhadas na Natureza foi observada durante a realização das entrevistas e se concretizou através das respostas obtidas dos entrevistados e se ilustrou no sociograma contido na figura 5.

Para Meguis e Bahia (2020) ao pesquisar a relação entre atores do turismo e do transporte fluviomarítimo em Soures, Pará, a descentralização pode ser uma solução para que o poder não seja concentrado, especialmente quando se objetiva promover inclusão de atores nos processos decisorios.

Em relação à densidade da rede, a figura 7 revela que a rede formada pelas Caminhadas na Natureza no Vale do Ivaí possui pouca densidade.

Na rede pode-se observar a formação de pelo menos cinco sub-redes. Contudo, é interessante destacar que na pesquisa de campo, foram entrevistados atores em três eventos de caminhadas. A partir disso, pode-se afirmar que, num mesmo evento de caminhada, há grupos que não se conectam entre si, ou seja, não há interação entre os atores da rede.

Outro ponto a se discutir a respeito da densidade das relações é a concentração de interações em determinadas áreas da rede. Na figura 8, observa-se a concentração de relações em áreas intermediárias, ou seja, entre os nós centrais e demais atores. Na rede formada percebe-se a densidade das relações nas três maiores sub-redes. Isso confirma a análise inicial de que há pouca interação e conectividade entre os membros das comunidades.

Além disso, pode-se observar que as duas sub-redes menores, que não se conectam às sub-redes maiores, são predominantemente formadas por caminhantes. As redes dos caminhantes aparecem como mais independentes e pouco integradas às redes dos agricultores e dos organizadores. Ou seja, os membros que compõem as redes compostas pelos caminhantes se indicam entre si e, por outro lado, organizadores e agricultores pouco indicaram caminhantes. Isso leva à conclusão de que as redes dos caminhantes são pouco integradas às comunidades, às pessoas do lugar. Talvez isso possa ser explicado, em alguma medida, através da análise das características destas relações e da intensidade dos laços existentes nas redes formadas.

4.3 Características das relações sociais nas redes

O dinamismo das redes é produzido, pela integração dos atores sociais, com a rede e seus fluxos, através de um constante trabalho de construção e desconstrução da realidade. A integração de atores sociais é determinada pelas relações sociais que se estabelecem entre eles. Essas relações possuem características passíveis de serem analisadas separadamente, no sentido de se tentar compreender melhor o seu conjunto.

Quanto à natureza da relação que se estabelece com o indicado, conforme pode ser verificado na tabela 2 cerca de 34,7%, caracterizaram suas relações como "profissional e amizade", uma variável composta. Em seguida, 22,1 e 21,8% dos entrevistados, respectivamente, selecionaram de maneira isolada as variáveis "amizade" e "profissional". Logo após, aparecem as relações familiares, com 9,9% de citações. Chama a atenção que apenas 2,1% tenham atribuído sua relação à variável "negócios" e "negócios e familiar", também com 2,1%. Isso indica que a intensidade emocional é predominante e permeia as relações estabelecidas entre os entrevistados.

Mesmo quando se analisa de maneira separada a natureza das relações que os entrevistados estabelecem com os indicados, percebe-se a significativa intensidade das relações na rede das Caminhadas na Natureza. Isso é interrompido apenas quando a categoria de organizadores cita a variável "profissional". Entretanto, as relações profissionais estabelecidas possuem responsabilidades assentadas em valores como cooperação, confiança e reciprocidade. Portanto, a natureza das relações sugere a existência de laços fortes entre os atores.

O surgimento de uma relação social de forma planejada, conforme apresentado na tabela 3, indica que a relação tenha sido estabelecida visando um objetivo, que normalmente está ligado ao campo profissional. Mas isso não determina que a relação seja apenas profissional ou de negócios. Ela pode ter evoluído ao longo do tempo para uma relação com maior intensidade emocional. Se a relação surgiu de forma espontânea, sugere que tenha surgido por afinidade entre os atores participantes da rede.

Nota-se que as relações entre os entrevistados e os indicados surgiram, em sua maioria, de maneira espontânea, com 68% de citações. É mais espontânea entre os agricultores, que, como verificado anteriormente, estabelecem relações com significativa intensidade emocional.

Com relação às relações planejadas, percebe-se a importância da categoria dos organizadores. Isso ocorre, pois, os organizadores estabelecem relações de natureza profissional, em que se necessita planejar o atendimento e o trabalho com os indicados, tanto os agricultores, como os caminhantes.

Na questão sobre o meio de comunicação empregado com o indicado para estabelecer a relação, as informações estão apresentadas na tabela 4.

Pôde-se verificar que os entrevistados selecionaram a variável "pessoalmente", seguida pela variável "telefone e pessoalmente. Isso indica que as relações entre os atores ocorrem no cotidiano das comunidades rurais, em que a proximidade espacial permite este contato. Ao analisar as categorias em separado, pode-se notar que agricultores e organizadores, que convivem nas comunidades rurais são os que indicam este tipo de comunicação. Por outro lado, os caminhantes estabelecem suas relações utilizando os meios de comunicação de maneira mais equilibrada, com a participação significativa das "mídias sociais". Os caminhantes utilizam o facebook para manter suas relações e se informar a respeito da formação de grupos de caminhadas.

Quanto à frequência de comunicação, conforme revelado na tabela 5, a frequência ultrapassa o período da participação na caminhada. Observa-se que as relações ocorrem de forma considerada frequente. Essa periodicidade de contato entre os atores parece sugerir a existência de laços fortes entre os atores. Por outro lado, o restante das relações ocorre ocasionalmente e somente quando há caminhada. São números que indicam que os caminhantes possuem parceiros de caminhadas que se comunicam somente quando há caminhada ou somente quando se encontram no local. Por sua vez, os organizadores estabelecem relações com os agricultores somente na época de planejar e organizar as caminhadas nas comunidades, assim como entram em contato com os caminhantes com o objetivo de divulgar ou facilitar a sua participação.

A velocidade da resposta dos indicados foi percebida pelos entrevistados, na grande maioria das relações, como instantânea, conforme as informações que consta na tabela 6. A velocidade de resposta supõe a velocidade do fluxo de informações que caracteriza a rede e interfere em sua dinâmica.

O tempo de existência ou de duração de uma relação contribui para revelar a força dos laços estabelecidos entre os atores, conforme Granovetter (1985). No caso das Caminhadas na Natureza do Vale do Ivaí, as relações surgiram desde antes das caminhadas, de acordo com os resultados que estão contidos na tabela 7. Essas informações revelam a pouca capacidade que a rede possui em integrar novos atores, visto que as relações que surgiram com a participação nas caminhadas ou recentemente não chegam a 20% do total de atores integrantes da rede.

Ao analisar as categorias em separado, os caminhantes possuem relações estabelecidas durante as caminhadas de maneira mais expressiva do que as duas outras categorias. Por sua vez, percebe-se que os agricultores e organizadores possuem relações que surgiram desde antes das caminhadas. A partir deste resultado, pode-se afirmar que essas relações revelam laços fortes e demonstram a solidez das relações estabelecidas entre agricultores e organizadores, que já possuem trabalhos em outros projetos, para além das Caminhadas na Natureza. São relações que surgem no cotidiano profissional e que evoluem para amizade, conforme a cooperação e a confiança crescem. Neste sentido é importante destacar que os organizadores, grande parte deles formados por extensionistas da EMATER ou funcionários das prefeituras municipais, possuem a atribuição de identificar o potencial da comunidade para desenvolver um circuito de Caminhada na Natureza. São poucas as comunidades que fazem o caminho inverso. Isso ocorreu na comunidade de Salto Fogueira, no município de Borrazópolis, e o comprometimento da comunidade com a caminhada é nítido.

Quanto à formalização das relações, as informações estão apresentadas na tabela 8. Conforme as informações contidas na tabela 8, percebe-se a robustez da frequência de relações informais, em que não há contratos ou quaisquer documentos que determinem a relação entre os entrevistados e os indicados.

Finalmente, em relação ao local de residência dos indicados que participavam das redes a tabela 9 os entrevistados indicaram sujeitos residentes em seu mesmo município, ou seja, no Vale do Ivaí. Este conjunto de informações permite afirmar que a rede é espacializada neste território.

Na próxima seção deste artigo realizamos uma síntese dos principais resultados obtidos e apresentamos algumas conclusões da pesquisa.

5. Conclusões

A relação entre os atores sociais possui padrões que definem suas trocas econômicas. A análise de redes demonstrou que há padrões de relações e que o conteúdo destas relações determina a formação do mercado. O primeiro aspecto observado é que a rede analisada não se formou aleatoriamente. Os atores aderiram voluntariamente ou foram convidados a participar da rede. O mecanismo de formação da rede pode, então, ocorrer de duas formas: por crescimento, em que novos atores aderem à rede; ou por conexão preferencial, em que o ator não possui conexão com outros atores. Este último aspecto acontece quando os agricultores de uma comunidade eram identificados como potencialmente favoráveis a sediar um evento de caminhada.

Percebeu-se a centralidade desta rede em sete atores, sendo seis deles organizadores (todos do poder público) o que mostra a concentração de poder sobre a dinâmica da rede. Os atores centrais possuem poder sobre o fluxo de informações que circula entre os demais. Esta centralidade revela também a autoridade, possível hierarquia, capacidade de apropriação de inovações e coordenação das ações que garantem a existência da rede estabelecida, sua estabilidade e dinâmica.

Em relação à densidade, observou-se a existência de cinco sub-redes que não possuem ligações entre si. Detectou-se que a rede formada pelas Caminhadas na Natureza do Vale do Ivaí possui pouca densidade, ou seja, não há interação entre as sub-redes, o que indica a fragilidade da integração entre as categorias agricultores e caminhantes.

Também, contatou-se a concentração de interações em determinadas áreas da rede formada. Isso revela a existência de laços fracos e pode ser uma consequência da centralidade da rede. Ou então a própria centralidade da rede poderia estar gerando a ausência de conexões de laços fracos entre as sub-redes.

Os laços fracos são, em geral, os únicos pontos de contato entre vários pontos. São os laços fracos que explicam a criação de oportunidades econômicas, tais como comercialização de produtos nas Caminhadas na Natureza. Ao existirem laços fracos que estabelecem contato com diversos atores, divididos em sub-redes, eles garantem dinâmica para a rede, permitindo a fluidez com a entrada e saída de atores. Esta fluidez, conferida pela existência de laços fracos, ocorre entre as sub-redes, ou seja, entre categorias distintas, formada por agricultores, caminhantes e organizadores. São os grupos que possuem laços fracos que conectam as categorias com pouca interação.

Os agricultores que pertencem a comunidades distintas, não possuem contato entre si. Isso se expressa, também, pela medida de densidade encontrada na rede. Na rede formada percebe-se a densidade das relações nas três maiores sub-redes. E este vínculo não consegue se fortalecer, pois não há oportunidade. Entretanto, ao se analisar as relações dentro destes grupos, nota-se a existência de laços fortes. Os laços fortes significam a interação social intensa de membros de um grupo.

A análise da natureza das relações sociais que se formam indicou que a intensidade emocional é predominante e permeia as relações entre os atores entrevistados. E, que as relações profissionais estabelecidas se assentam em valores como a cooperação, a confiança e a reciprocidade. As relações sociais estabelecidas são espontâneas, sendo estas mais espontâneas entre os agricultores. A frequência da comunicação considerada "ocasional" é importante. A velocidade do fluxo de informações na rede é instantânea. Em relação à formalização das relações na rede é nítida a frequência de relações informais nas redes, pois não se verificam a existência de contratos entre os participantes dela. E, ainda, que a rede está contida em um dado espaço geográfico.

Em síntese, a rede formada pelas Caminhadas na Natureza possui laços fortes e fracos. Porém não há interação entre as sub-redes, o que estaria fortalecendo a centralidade em poucos atores, que fazem parte do Estado. Esta centralidade deve ser observada no sentido de dirimir a concentração do poder e contribuir para a autonomia de agricultores e caminhantes no processo de tomada de decisões acerca do projeto. Afinal, se for decidido que as Caminhadas na Natureza não são mais importantes para o Estado, elas deixarão de existir? Além disso, a ausência de interação entre as sub-redes, especialmente entre agricultores e caminhantes, obviamente denota a ausência de laços fracos, que dinamizam e criam oportunidades econômicas e poderiam diminuir a centralidade da rede. O estabelecimento de relações entre caminhantes e agricultores poderia alavancar novos negócios voltados ao turismo nas comunidades rurais. O estabelecimento destas relações poderia ocorrer a partir de eventos regionais com o objetivo de aprimorar as Caminhadas na Natureza e também promover o turismo rural e de base local, buscando estabelecer laços fracos entre agricultores, organizadores e caminhantes de todo o Vale do Ivaí. Os eventos poderiam proporcionar a evolução dos circuitos de Caminhadas na Natureza, para circuitos de longa distância e permanentes, enriquecendo a oferta de turismo do território.

Portanto, pode-se concluir que a rede de relações sociais analisadas através desta abordagem teórica está em concordância com a ideia da importância dos laços fracos (relações esparsas e trocas mais difusas, com pouca proximidade e intimidade) na sustentação das relações sociais existentes e na construção deste mercado específico das Caminhadas na Natureza, como uma modalidade de turismo rural.


Notas

2 Tradução dos autores.
3 O Programa LEADER, que em português significa Relações entre Ações de Desenvolvimento Rural, é parte integrante da Política de Desenvolvimento Rural, componente da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia. O objetivo do LEADER era aumentar o potencial de desenvolvimento das áreas rurais, baseando-se em iniciativas locais, promovendo o saber-fazer no domínio do desenvolvimento local e divulgando esse saber-fazer a outras zonas rurais.
4 Significa imersão ou enraizamento. Karl Polanyi, em sua obra A Grande Transformação de 1944 foi que deu origem, nas Ciências Sociais, à palavra "embedded", descrevendo como as instituições que estavam imersas em relações sociais (Polanyi, 1980).
5 Atual Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - IAPAR - EMATER (IDR-Paraná).
6 Problemas relacionados tanto ao aprendizado da utilização de software específico, de organização e sistematização dos dados, como problemas de saúde de um dos pesquisadores impediram a submissão anterior do artigo desta pesquisa.


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